segunda-feira, 19 de maio de 2008

Mecanismo de Ação dos Herbicidas (Parte 1)


A atividade biológica de um herbicida na planta ocorre de acordo com a absorção, a

translocação, o metabolismo e a sensibilidade da planta a este herbicida e, ou, a seus metabólitos. Por

isso, o simples fato de um herbicida atingir as folhas e, ou, ser aplicado no solo não é suficiente para

que ele exerça a sua ação. Há necessidade de que ele penetre na planta, transloque e atinja a organela

onde irá atuar. Um mesmo herbicida pode influenciar vários processos metabólicos na planta,

entretanto a primeira lesão biofísica ou bioquímica que ele causa na planta é caracterizada como o seu

mecanismo de ação. A seqüência de todas as reações até a ação final do produto na planta caracteriza o

seu modo de ação.

É imprescindível o conhecimento do mecanismo de ação de cada herbicida para se trabalhar

com segurança o rodízio e a mistura de herbicidas, quando necesssários, para prevenir o aparecimento

de plantas resistentes a herbicidas.

A lista completa, atualizada em 2005, de todos os mecanismos de ação, grupos químicos e

respectivos herbicidas pode ser encontrada no site: www.plantprotection.org/hrac.

Herbicidas Auxínicos ou Mimetizadores de Auxina (2,4-D, picloram, triclopyr, fluroxipyr,

quinclorac etc.).

Os herbicidas auxínicos, em plantas dicotiledôneas sensíveis, induzem mudanças metabólicas

e bioquímicas, podendo levá-las à morte. O metabolismo de ácidos nucléicos e os aspectos

metabólicos da plasticidade da parede celular são seriamente afetados. Esses produtos interferem na

ação da enzima RNA-polimerase e, conseqüentemente, na síntese de ácidos nucléicos e proteínas.

Induzem intensa proliferação celular em tecidos, causando epinastia de folhas e caule, além de

interrupção do floema, impedindo o movimento dos fotoassimilados das folhas para o sistema

radicular. O alongamento celular parece estar relacionado com a diminuição do potencial osmótico das

células, provocado pelo acúmulo de proteínas e, também, mais especificamente, pelo efeito desses

produtos sobre o afrouxamento das paredes celulares. Essa perda da rigidez das paredes celulares é

provocada pelo incremento na síntese da enzima celulase. Após aplicações desses herbicidas, em

plantas sensíveis, verificam-se rapidamente aumentos significativos da enzima celulase, especialmente

da carboximetilcelulase (CMC), notadamente nas raízes. Devido a esses efeitos ocorre epinastia das

folhas, retorcimento do caule, engrossamento das gemas terminais, destruição do sistema radicular e

morte da planta, em poucos dias ou semanas.

A seletividade pode ser dependente de diversos fatores, como: arranjo do tecido vascular em

feixes dispersos, sendo estes protegidos pelo esclerênquima em gramíneas; metabolismo do 2,4-D e

seus derivados - a aril hidroxilação resulta na perda da capacidade auxínica, além de facilitar a sua

conjugação com aminoácidos e outros constituintes em plantas tolerantes; algumas espécies de

plantas podem ainda excretar esses herbicidas para o solo através de seu sistema radicular (exsudação

radicular); e o estádio de desenvolvimento da planta, no momento da aplicação do herbicida, pode

garantir a seletividade de algumas auxinas sintéticas para culturas como arroz, trigo e milho

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