A atividade biológica de um herbicida na planta ocorre de acordo com a absorção, a
translocação, o metabolismo e a sensibilidade da planta a este herbicida e, ou, a seus metabólitos. Por
isso, o simples fato de um herbicida atingir as folhas e, ou, ser aplicado no solo não é suficiente para
que ele exerça a sua ação. Há necessidade de que ele penetre na planta, transloque e atinja a organela
onde irá atuar. Um mesmo herbicida pode influenciar vários processos metabólicos na planta,
entretanto a primeira lesão biofísica ou bioquímica que ele causa na planta é caracterizada como o seu
mecanismo de ação. A seqüência de todas as reações até a ação final do produto na planta caracteriza o
seu modo de ação.
É imprescindível o conhecimento do mecanismo de ação de cada herbicida para se trabalhar
com segurança o rodízio e a mistura de herbicidas, quando necesssários, para prevenir o aparecimento
de plantas resistentes a herbicidas.
A lista completa, atualizada em 2005, de todos os mecanismos de ação, grupos químicos e
respectivos herbicidas pode ser encontrada no site: www.plantprotection.org/hrac.
Herbicidas Auxínicos ou Mimetizadores de Auxina (2,4-D, picloram, triclopyr, fluroxipyr,
quinclorac etc.).
Os herbicidas auxínicos, em plantas dicotiledôneas sensíveis, induzem mudanças metabólicas
e bioquímicas, podendo levá-las à morte. O metabolismo de ácidos nucléicos e os aspectos
metabólicos da plasticidade da parede celular são seriamente afetados. Esses produtos interferem na
ação da enzima RNA-polimerase e, conseqüentemente, na síntese de ácidos nucléicos e proteínas.
Induzem intensa proliferação celular em tecidos, causando epinastia de folhas e caule, além de
interrupção do floema, impedindo o movimento dos fotoassimilados das folhas para o sistema
radicular. O alongamento celular parece estar relacionado com a diminuição do potencial osmótico das
células, provocado pelo acúmulo de proteínas e, também, mais especificamente, pelo efeito desses
produtos sobre o afrouxamento das paredes celulares. Essa perda da rigidez das paredes celulares é
provocada pelo incremento na síntese da enzima celulase. Após aplicações desses herbicidas, em
plantas sensíveis, verificam-se rapidamente aumentos significativos da enzima celulase, especialmente
da carboximetilcelulase (CMC), notadamente nas raízes. Devido a esses efeitos ocorre epinastia das
folhas, retorcimento do caule, engrossamento das gemas terminais, destruição do sistema radicular e
morte da planta, em poucos dias ou semanas.
A seletividade pode ser dependente de diversos fatores, como: arranjo do tecido vascular em
feixes dispersos, sendo estes protegidos pelo esclerênquima em gramíneas; metabolismo do 2,4-D e
seus derivados - a aril hidroxilação resulta na perda da capacidade auxínica, além de facilitar a sua
conjugação com aminoácidos e outros constituintes em plantas tolerantes; algumas espécies de
plantas podem ainda excretar esses herbicidas para o solo através de seu sistema radicular (exsudação
radicular); e o estádio de desenvolvimento da planta, no momento da aplicação do herbicida, pode
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